Crônica 08
Pontos Vitais
Para algumas pessoas, talvez possa parecer que exageramos nos agradecimentos ao Mestre Gilberto, mas ao passarem os olhos sobre a crônica de hoje, verão que eu tenho razão.
Através dos seus conhecimentos, Gilberto foi responsável por aprimorar nossos conhecimentos com relação a detalhes técnicos, sociais e energéticos, que contribuíram para ampliar nossa visão da arte marcial e fez com que, após reflexões e reuniões entre os coordenadores, nosso trabalho sofresse uma reformulação geral. Mudamos o símbolo acrescentando os ideogramas BU SHI DÔ, mudamos o nome de Sistema Bushidô de Kung FU para Sistema Bushidô de Artes Marciais e até a própria maneira como vivenciamos nosso trabalho.
Antes de nos despedirmos já combinamos que iríamos preparar outro evento e que ele voltaria em breve à Florianópolis. Isso aconteceu cerca de um ano depois, em 2001, quando o trouxemos para ministrar o “Curso de Pontos vitais”. Nesse evento, mais uma vez, constatamos o valor da amizade e da parceria com Gilberto. Em determinado momento ele me liga e diz que viria de ônibus para que nossas despesas não fossem tão altas!
Agora pergunto a você leitor: Quantas pessoas com o currículo que ele tem, fariam isso? A maioria simplesmente exigiria vir de avião e azar dos organizadores.
Bem, fizemos a divulgação aqui na região e Gilberto colocou no seu site para todo o Brasil.
Recebemos e-mails de Joinville (SC), Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul, com muitas pessoas interessadas, pois seria mais fácil vir à Florianópolis do que ir a São Paulo, uma oportunidade única, pensamos...!!!
Nesta época nossos trabalhos eram realizados no Centro de Defesa Pessoal da Creche do Duduco, espaço cedido na Creche do Duduco para realizarmos um trabalho voltado para a Comunidade Carente. Portanto, já tínhamos um espaço para o curso.
Toda a logística estava preparada e tínhamos várias pessoas interessadas no curso, porém na última semana desabaram os problemas:
1) Vários dos inscritos de outras localidades cancelaram por diversos motivos;
2) Alguns inscritos da região não confirmaram presença;
3) Três dias antes do evento surgiram problemas com o local escolhido.
Vontade de desistir não faltou, mas o verdadeiro Bushi não se entrega e nem se rende. Decidimos fazer o evento a qualquer custo e fomos à luta! O número de participantes passou a ser ”um detalhe” e o grande problema a ser resolvido era o local do evento. Mais uma vez pudemos verificar que, quando nos fecham uma porta, alguém “lá em cima” abre outra! Fui conversar com o Mestre Pinóquio (na época Contra-Mestre) do Grupo de Capoeira Quilombola, que tem uma academia muito bem montada no Balneário do Estreito, na área continental de Florianópolis. Um detalhe importante é que eu tinha pouco ou quase nenhum contato com o Mestre Pinóquio, mas expliquei-lhe a situação e ele prontamente concordou em ceder sua academia para nós, nos dois dias do curso, sábado e domingo.
Quero abrir aqui um espaço para agradecer ao Mestre Pinóquio, porque pouquíssimas pessoas cederiam sua academia num final de semana, sem nada cobrar e ainda mais sem conhecer bem as pessoas que a utilizariam.
Muito obrigado! São pessoas assim, como Mestre Pinóquio, Mestre Calunga, Mestre Rogério (Kung Fu), entre outros, que fazem a arte marcial da nossa região ser um diferencial positivo num mundo cada vez mais complicado.!
O Curso de Pontos Vitais foi realizado com a participação de apenas 06 pessoas, o que não diminuiu o seu sucesso, pois todos os que participaram puderam aproveitar o máximo; tivemos mais atenção do professor e até nesse ponto o Mestre Gilberto não deixou a desejar!. Segundo suas próprias palavras: Foi a turma mais criativa que ele encontrou até então!
Quando falo 06 pessoas é porque o Sérgio e eu também participamos como pagantes e, no final do evento, contabilizadas as despesas e receitas houve certa vantagem para as despesas, o que fez com que o Gilberto não contabilizasse o lucro esperado e merecido e o Sérgio e eu dividíssemos uma despesa inesperada.
Tudo somado (ou deveria dizer diminuído??) valeu a pena, e aqueles que participaram do curso saíram felizes e com muito mais conhecimentos sobre artes marciais.
A meta financeira não foi a esperada, mas o aprendizado técnico foi deveras relevante.
E, mais uma vez, nos faltaram palavras para agradecer o amigo Gilberto pela paciência e pelo conhecimento recebido, além da certeza que temos um verdadeiro amigo em São Paulo e ele, com toda a certeza sabe que tem amigos de verdade aqui em Florianópolis e agora também na nossa nova casa, na cidade de Palhoça!
Roberto Silva – Fundador da Escola Bushidô
Ano de 2011